Anitta, Ivete, Ludmilla e… Satanás
E não é que Satanás resolveu reaparecer essa semana? Desta vez no formato da perda de seguidores de Anitta, que inicia a turnê “Baile Funk Experience”, hoje, no México.
Ao todo, o show percorrerá 22 palcos e terminará no dia 8 de julho, na pista sagrada da Pachá de Ibiza. Taí uma noite que eu gostaria de ver. A ideia de oferecer um funk-tipo-exportação em apresentações internacionais é uma das mais geniais no território do pop brazuca.
A fórmula permite que Anitta puxe para si a responsa de carregar a popularidade do gênero e cria um diferencial que suas colegas latinas dificilmente conseguirão entregar: o batidão que virou característica essencialmente carioca, ainda que bebendo nas fontes americanas da música eletrônica.
No fim das contas, tanto o funk carioca quanto o estadunidense não passam de interpretações múltiplas para os tambores que batem nos nossos genes ancestrais.
O sucesso de Anitta, esta semana, enfrentou um aparente revés. Logo no começo, a cantora reclamou ter perdido mais de 200 mil seguidores ao anunciar o lançamento do videoclipe da faixa “Aceita”, que tem seis autores e cinco produtores. Entre eles, o americano Diplo.
A revolta teria sido motivada pela divulgação das imagens do vídeo em que Anitta aparece exercendo sua religião, o Candomblé. Para muita gente, isso seria uma conexão com Satanás. Lamento informar que não é, ainda que Baphomet seja um bodezinho bem simpático.
De toda forma, não acho que os desertores fizeram tanta falta assim. Neste sábado (18), a popstar ostenta a impressionante marca de 68 milhões de cabeças.
Ainda que a alegada debandada tenha sido estratégia de marketing, o episódio serviu para que o assunto da intolerância religiosa voltasse à tona. Nunca é demais. Neste sábado, uma pessoa de internet foi denunciada pelo Ministério Público por associar religiões de matrizes africanas às enchentes no Rio Grande do Sul. Quem estaria mais próximo de Satanás, a Anitta ou a pessoa de internet?
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BABADO, confusão, gritaria e tapa na cara. Dá para resumir assim a turbulência causada pelo cancelamento das turnês de Ivete e Ludmilla esta semana. Os comunicados das cantoras dão a entender que havia problemas de segurança na construção dos espetáculos produzidos pela 30e, empresa responsável por transformar em realidade as ideias dos times criativos das artistas para os shows. Por outro lado, a nota publicada pela produtora sugere “problemas de demanda”, o que levantou dúvidas sobre o sucesso de vendas de ingressos.
É fato que as artistas têm se apresentado no esquema megaespetáculo. E é também fato que tais shows têm acontecido cada vez menos por aqui. É bom lembrar que a “Celebration tour” foi bancada por um banco; e que Beyoncé não passou por estas bandas com sua excursão (adoro chamar turnê de “excursão”).
Não há respostas objetivas para tais perguntas, uma vez que cada caso é um caso. Mas talvez Anitta tenha dado uma pista. Quando perguntada sobre uma turnê brasileira, na coletiva para o lançamento de “Funk Generation”, ela mandou, na lata: “A gente está pensando em como fazer isso acontecer [os shows no Brasil]. Uma coisa é fazer shows pequenos, como estamos fazendo em outros países. Esse evento maior requer tempo e estrutura, e a galera não está muito a fim de pagar para ir em eventos desse tipo”.