Felipe Neto questiona vício no Tik Tok

Ronald Villardo
3 min readMay 6, 2022

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Um dos cinco maiores Youtubers do mundo, Felipe Neto fez um post-manifesto na madrugada desta sexta-feira. Ao lamentar o fechamento do canal no Youtube “Depois das onze”, Neto levantou a bola de que as audiências jovens andam cada vez mais ansiosas. Um dos sintomas da síndrome coletiva seria a capacidade de concentração limitada dos jovens para consumir conteúdos mais longos, como séries, filmes e até canções. O empresário lembra que “músicas estão sendo compostas para ter só refrão”, porque a turma não consegue curtir nada que dure muitos… minutos.

Outro dia, percebi que a Netflix disponibiliza uma funcionalidade que permite acelerar os vídeos. Diferentemente do bom e velho “fast forward”, usado para chegar em determinado ponto de um vídeo, o botão 2x, 3x tem sido acionado mesmo é para “assistir às séries” mais rapidamente.

Para exemplificar, Felipe postou algumas das mensagens que tem recebido dos seus fãs mais novinhos. E não é que a molecada realmente associa a falta de paciência ao tal do Tik Tok? A plataforma que virou queridinha de várias indústrias, inclusiva a da música, oferece aqueles videozinhos curtos que vemos replicados por aí. Muita gente fazendo a dancinha do dia –perfeitas para viralizar canções — o look do dia, a dublagem do dia, tudo do dia, o dia inteiro.

Entre os relatos, chama a atenção o de uma menina que se apresenta como “criadora de conteúdo”. Ela relata experiências de “crises de pânico” supostamente causadas pela ansiedade gerada pelo Tik Tok, tanto para produção de material quanto para o seu consumo.

De quebra, Felipe ainda criticou o que descreve como “a cultura da fofoca”, que coloca a vida pessoal de artistas à frente do que realizam artisticamente. Os vídeos excessivamente curtos, os conteúdos rápidos e superficiais e a tal inversão de atenção alegada por Felipe seriam a receita certa para enfraquecer a relevância de narrativas consistentes.

Do meu modesto cantinho aqui, adicionaria alguns ingredientes ao bolo. O excesso de estímulos a que nos permitimos submeter nas nossas rotinas. Falo de nós, os adultos. Adultos que não conseguem mais fazer uma coisa de cada vez. A quase palpável dispersão de atenção, registrada até por um fotógrafo em pleno desfile das escolas de samba no Rio, semana passada. Alguém da minha idade sente-se assim por aí? DMs, por favor!

É possível que a bola levantada por Felipe responda, em parte, um dos motivos do sucesso dos filmes de super-herois ou de ação. Tornou-se um desafio encontrar uma sala com telona exibindo um título que não tenha perseguições, explosões ou coisas parecidas. Se a obra exige um pouco mais de atenção do espectador, é mais provável que pingue diretamente no streaming. Afinal de contas, lá dá para “pausar” e responder o WhatsApp, conferir as novas postagens no Insta, avisar ao Twitter “o que você está fazendo”. Aí depois, sim, volta-se ao que se estava assistindo. Mas o que era mesmo? Ah, não importa. Vamos procurar outra coisa para ver… zapeando… zapeando. Tic tac…

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