George Michael no cinema, Madonna pelada e Beyoncé quebrando tudo

Ronald Villardo
4 min readJun 25, 2022

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“Em algum momento, só havíamos eu, Madonna, Prince e Jackson na linha de frente do pop”. A declaração de George Michael está na nova versão do documentário “Freedom Uncut”, exibido no dia 22 no Rio. O documentário original, codirigido pelo próprio Michael, foi exibido em 2017 na TV britânica. Naquela época, fazia apenas um ano que um dos maiores popstars do planeta havia morrido enquanto dormia, no noite de Natal, na Inglaterra. A julgar pela intensidade dos aplausos do público ao fim da exibição do filme na última quarta-feira, o lourinho anda fazendo falta para muita gente.

Da turma mencionada, apenas Madonna sobrevive. E segue fazendo o que sempre fez: encher o saco de todo mundo. E quem quiser comentar o show desta semana da diva pode rolar a página até o próximo entretítulo. Por enquanto, gostaria apenas de compartilhar a experiência George Michael no cinema.

LEIA SEM PRECONCEITOS

A doc começa com uma longa peça de publicidade de uma versão remasterizada de “Older”, de 1996, a ser lançado no dia 9 e descrito pelo próprio cantor como “seu melhor trabalho”. O comercial já começa com um soco no queixo do espectador: a exibição na íntegra do vídeo de “Freedom 90”, am altíssima definição. O manifesto pela liberdade não tem o rosto de Michael. Apenas as supermodelos mais supermodelos do supermodeloverso de todos os tempos. E Linda, Naomi, Christy, Cindy e Tatjana comentam os bastidores das filmagens no doc. “É muito difícil dublar”, reclama Linda. “Eu não sabia a letra”, diverte-se Christy.

Atualmente, não é mais exagero afirmar que “Freedom 90”, dirigido por David “Mank” Fincher, mudou a história do videoclipe. No contexto do doc, acaba funcionando como uma oração preliminar de uma missa prestes a começar. Uma celebração costurada por trechos de entrevistas marcantes e partes de shows sob a narração do próprio Michael. O Rio ganha um capítulo robusto no longa. Foi no Rock in Rio de 91, no Maracanã, em que George conheceu Anselmo Felepa, descrito como “o grande amor” de sua vida. O diagnóstico positivo para HIV do namorado, meses após o início do namoro, foi a motivação de Michael para a participação no tributo a Freddie Mercury, em 92. Os bastidores do concerto integram o pacote de cenas “inéditas” anunciado na divulgação do doc.

“Freedom Uncut” é o retrato de uma geração. Se o leitor amigo me permitir uma observação essencialmente pessoal, é o retrato da MINHA geração. Fomos apaixonados, ingênuos, alegres. Felizes?

MADONNA FOI LONGE DEMAIS

Esta semana, o escritor e fotógrafo Leo Aversa comentou as reações pouco inteligentes à coluna que ele publicara no Globo há duas semanas. Ao ler apenas o título, internautas (ainda se usa tal palavra?) desembestaram a agredi-lo por presumir um conteúdo totalmente oposto ao texto. Algo semelhante aconteceu com Madonna nas redes depois do seu show, na quinta-feira, em NY. Ao trazer ao palco hits que nos fizeram dançar como se não houvesse amanhã, usados até hoje como referência para divettes pop de todos os tamanhos e estilos, Madonna cometeu a inconveniência de exibir seu (bem cuidadíssimo) corpo de mulher de 63 anos. A “inteligência” da web se manifestou com força. Certo de que o leitor já imagina o que publicaram, não repetirei o teor de tais comentários. Infelizmente, é mais um daqueles momentos que se presta atenção apenas “no título”, fracassando na leitura do que realmente estava rolando no palco. Um verdadeiro manifesto em defesa da liberdade de ser o que desejamos ser.

E A BEYONCÉ, HEIN?

A house music com vocais está de volta e eu posso provar. Drake e Beyoncé revisitam a estética dos anos 90 com pompa e circunstância. Em “Break my soul”, a diva pop acionou a batida do hino “Show me love”, entre outros samples curados por produtores como The-Dream, o compositor de um sucessozinho humilde aí, que quase ninguém ouviu. Chama-se “Single ladies”. Coisa boba.

Quem destrincha a faixa dando uma verdade AULA de house music é João Marcelo Bôscoli em sua coluna na CBN. O produtor explica todo o contexto de “Break my soul”. Traça muito objetivamente as origens da house, de onde vem esse som e e ainda atribui a “culpa” da popularidade arrasadora de tudo isso a um determinado artista. É melhor você ouvir para conferir.

Para acrescentar um ingrediente ao bolo houseiro, a festa carioca RaRa recebe no próximo mês o DJ Joe Claussell, um dos ícones justamente da house dos 90, celebrada por Beyoncé. Será que o pós-pandemia abriu espaço para um renascimento de uma era good vibes nas pistas? “Renaissance”. Taí uma boa pauta.

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Pronto, já paguei minhas dívidas da semana com meus poucos amigos que ainda curtem ler minhas besteiras. Agora, dá licença que preciso pagar os boletos. Fui!

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