Gilberto Braga, cronista das telas

Ronald Villardo
2 min readOct 27, 2021

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No ano passado, no auge desta pandemia horrorosa, resolvi maratonar “Vale tudo”. A novela está disponível no Globoplay e nem preciso explicar muito do que se trata. Até a Geração Z sabe que “Vale tudo” é uma das mais precisas crônicas sobre o Brasil jamais escrita. E assistir à novela no século 21 é uma experiência quase assustadora. O texto é implacável ao descrever nossas idiossincrasias com charme, inteligência e elegância. Até os personagens mais rudes de Gilberto Braga são irresistivelmente elegantes.

MAIS: O dia em que Gilberto Braga me deu atencão.

Aguinaldo Silva, co-autor de “Vale tudo”, conta em post no seu Facebook a respeito do dia em que conheceu Gilberto, na redação do Globo. El Braga era crítico de teatro. E, aparentemente, dos bons. Numa entrevista ao Estúdio I por ocasião da morte da Beatriz Segall, ele não perdoou e tascou que, no palco, ele a achava “muito fria”. Pano rápido.

Braga não é só “Vale tudo”, como sabemos. É autor de tantas outras novelas. “Celebridade” é a minha segunda favorita. Ainda assim, vai ser para sempre a “grande novela” deste grande autor. Não por acaso, o editor da capa do G1 escreveu a chamada “Autor de “Vale tudo” morre nesta terça-feira”. O impacto desta novela ainda vai reberverar muito.

Em determinado momento da minha maratona, resolvi anotar algumas das frases mais divertidas da novela. Algumas trazem gírias da época, outras sintetizam algumas reflexões que nos perseguem até hoje. Se você tiver paciência, confira algumas aqui. Mais abaixo posto um link do meu ex-blog no Globo, onde comento o dia em que Gilberto me deu atenção. Inesquecível.

Transo fogão com carinho”. Raquel.

“Para ele, uma fábrica de armamentos produz ‘equipamentos de defesa’”, Afonso sobre o bélico Marco Aurélio, o da banana.

“Estou grilado”. Todos os personagens têm algum “grilo na cuca”.

“Estou parado na tua”. César para Fátima”.

“Não tenho pintado lá…”. Queísso, gente!

“No duro…”. César.

“Deixa de onda”. César.

“Não corta a minha”, Maria de Fátima.

“Minha tia é quadradona…”. André (Marcelo Novaes)

“Não era um namoro, era só um sarro”. Tiago (Fabio Villaverde)

“Não vou cortar o teu barato”. Solange Duprat.

“Nao vou receber esporro de fascista”. Ivan, sobre Marco Aurélio.

“Não tenho saco pra maluco fascista”. Solange Duprat.

“Sua vó era meio fascista, hein?”. Solange Duprat.

“Ele está encarnando em mim”. Fernanda.

“Esse fascista é incapaz de discutir uma ideia”. Ivan sobre Marco Aurélio.

“Tá gamado na Fernanda?”, Tiago.

“Pelo amor de Deus, Afonso! Socialismo numa hora dessas nãommm!” Odeth Roitman.

“Preleção de reforma agrária logo de manhãmmm?”. Odeth Roitman.

“Essa Fátima tem tutanommm…”. Odeth Roitman

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