Madonna, as mulheres e Satanás

Ronald Villardo
3 min readMay 11, 2024

Esse negócio de ser popstar deve ser muito esquisito. Você recebe um convite para tocar num lugar exótico, vai lá, cria o melhor espetáculo que você consegue e o apresenta para milhões de pessoas que nunca viu na vida. E logo após o show, extremistas locais começam a identificar sua performance como um ritual satânico, do mais absoluto "neida" . Tudo isso ganha um tempero especial quando o nome de batismo (opa!) do popstar em questão é uma referência direta a uma das entidades mais relevantes da tradição que, alega-se, está em constante guerra com o Coisa Ruim.

Confira todos os links da contagem regressiva para o show de Madonna publicado no gshow.

O que faz o artista? Dá de ombros. Afinal de contas, trata-se apenas mais de mais uma terça-feira nos 40 anos de carreira de Madonna. E este repórter estaria mentindo se afirmasse que já se recuperou totalmente do que viveu no sábado passado, em Copacabana. E como haveria de ser diferente? Aquilo não foi um concerto e sim um ritual. Baphomet, seu lindo.

Sinceramente, as alegações dos extremistas brasileiros são tão estapafúrdias que nem mereceriam atenção não fossem as milhões de pessoas que tais personagens atingem nos esgotos das redes sociais.

Os ataques à Madonna fazem parte de um contexto maior para encorajar o descrédito dos meios oficiais, especialmente os federais, no auxílio às vítimas da tragédia do Rio Grande Sul. Mas este é umassunto para os colunistas sérios. Nem colunista sou.

Por aqui, falaremos da repercussão de um dos maiores shows do ano no mundo, que aconteceu aqui no nosso quintal.

Calma. Não farei mais uma das 300.464.224 análises semiótico-social-antropológico-religiosa-sdroovesagain do show de Madonna que foram publicadas ao longo da semana. Farei apenas um convite.

COM A PALAVRA, AS MULHERES

Ainda que Madonna seja o maior ícone LGBT de nosso tempo, é necessário lembrar da importância dela para as mulheres. Afinal de contas, como lembra a articulista e editora do Globo Renata Izaal, é preciso “lembrar o óbvio”. Em minha defesa, alego que jamais esqueci. E senti falta de mais mulheres comentando o show.

Felizmente, Izaal foi uma delas. Num belíssimo texto, a jornalista escreve sobre a diva: “Ambiciosa (“Eu quero dominar o mundo”, disse em 1984), construiu uma persona física que manifestava essa disposição de conquista.” LEIA O TEXTO COMPLETO AQUI.

Foi a também jornalista Bia Abramo que lembrou a nova causa abraçada pela Material Girl, ao citar a evidente “agenda anti-etarista” na concepção do show: “mostrar que uma mulher de mais de 60 anos, idade em que as mulheres são muito invisibilizadas em muitas camadas de suas vidas, pode o que quiser.”. LEIA O TEXTO COMPLETO AQUI.

E talvez um dos relatos mais emocionantes seja o da comentarista da globonews (descobri que é tudo em caixa baixa na minha colaboração com o gshow semana passada…), Flavia Oliveira. No episódio desta semana do podcast Angu de Grilo, apresentado por Flávia e pela jornalista Isabela Reis, a colunista do Globo compartilha a experiência de alguém que nem é exatamente uma “fã de carteirinha” de Madonna, mas foi profundamente tocada pelo show que resume a história de uma das maiores popstars de todos tempos. OUÇA O EPISÓDIO AQUI.

Para encerrar, aqui vai uma dica para curtir um pouco mais da experiência Madonna. O DJ Stuart Price, produtor do show da “Celebration tour”, acabou de publicar um set mixado inspirado nos 40 anos de carreira de M. Ouço o set enquanto bato este texto. Se eu fosse você, ouviria logo "antes que tirem do ar", como diriam os extremistas.

OUÇA O SET AQUI:

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