Orkut? Nunca critiquei…

Ronald Villardo
2 min readApr 28, 2022

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Se alguém ainda tinha alguma dúvida a respeito da volta dos anos 2000, esquece. A notícia do renascimento do Orkut acaba de sedimentar a onda retrô. Analistas identificaram os sinais nos looks da Anitta, no sucesso de “Sex and the City” e nas 'festas anos 2000' que andam rolando. Já tem até loja online vendendo “roupas dos anos 2000”, como noticiou a “Ilustrada”, há dois dias.

Nostalgia é um vírus que não me pega. Pelo contrário, tenho pavor dele. Meu instinto sempre me leva avante, com uma curiosidade insana a respeito do novo. Por isso, estranhei meu entusiasmo com uma possível ressurreição da rede social da tela azul. Estaria a meia-idade me amolecendo? Será que vou me tornar uma daquelas pessoas que repetem a frase “no meu tempo” como se tal coisa existisse? I couldn’t help but wonder.

Talvez o Orkut lembre um tempo em que o algoritmo não decidia vidas, empregos, autoria de músicas e até roteiros de séries. A vida era mais orgânica, para usar uma das buzzwords do momento. No BBB dos anos 2000, falava-se mal de um concorrente “jogador”. Hoje, quem não joga “atrapalha o entretenimento”. Robôs não ouviam música e as paradas da “Billboard” usavam métricas menos malandras. No início do século, os robôs também não escreviam posts para o Fotolog. Ainda não havia Jasper. Podia-se rir das “Mean girls” do cinema sem que isso significasse endossar comportamento de gente tóxica. E também entender que a amizade de Britney com Paris Hilton não foi boa para a princesinha do pop.

Talvez a resposta para esse revival do Orkut esteja em outra década, mais precisamente nos anos 70. É de lá que data a primeira edição do livro “There’s no such thing as free lunch”, do economista Milton Friedman, que aniquila qualquer sinal de ingenuidade que ainda possamos cultivar.

Não é preciso ser um gênio para entender o raciocínio do menino Orkut, que percebeu o bom momento para reativar a rede, afinal de contas, questões controversas cercam a Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp). E ninguém sabe como será o Twitter de Elon Musk. Por isso tudo e mais um pouco, não há hora melhor para reviver uma rede que conta com a memória afetiva de tanta gente. Ou seja, se existe uma aura de retorno 'aos bons tempos' mais inocentes, não é o Orkut que o vai trazer. Afinal de contas, no mundo da tecnologia, que é o novo mundo pop, uma coisa é certa: a mais bobinha corre de costas e de tamanco

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