Os fetiches sexuais de 'Furiosa'

Ecocídio. Esta talvez seja a palavra a sintetizar as raízes do Mad Max-verso com o qual nos acostumamos desde o lançamento do primeiro filme da saga de George Miller, em 1979.

Ainda que a trilogia estrelada por Mel Gibson (quase escrevi Kevin Costner, eu sou um perigo!) não tenha sido a primeira obra audiovisual a apresentar ao mundo à estética “cyberpunk”, é inegável que “Mad Max” tenha tido papel crucial na popularização de um certo olhar para os signos que traduzem o que, até agora, entendemos por “mundo apocalíptico”.

E neste novo filme espetacular, a atriz Anya Taylor-Joy é o maior gambito de George Miller. Com poucos diálogos, a estadunidense de 28 anos conquista o espectador de cara ao encarnar a história de origem para a personagem interpretada por Charlize Theron em “Estrada da Fúria”, de 2015.

“Furiosa” é um filme para se ver na tela grande. Até porque é lá que alguns detalhes da tal estética sugerida pelo universo Mad Mad podem ficar mais evidentes aos olhares esteticamente sensíveis.

Já os extremamente sensíveis podem ter problemas. E a partir deste momento, o texto trará alguns spoilers. Por conta disso, lançarei mão do recurso narrativo Machadiano — tá na moda! — e recomendarei ao leitor que veja o filme primeiro e volte depois. Até já!

Então…

Diante de tantas correntes, couro e máscaras, fica difícil não associar todo o figurino de Mad Max ao “Festishwear”, o conhecido universo do fetiche, visitado regularmente por tanto por praticantes quanto por acadêmicos que se dedicam ao assunto, da psicologia à moda.

A quantidade de máscaras usadas por tantos personagens no longa remete ao pornô de butique de “Sex”, de Madonna (tá na moda também!). Os piercings, correntes, trajes de couro, peles de animais e partes estratégicas de pele à mostra em alguns dos looks podem parecer até perturbadores para alguns.

E o clima de fetiche vai além da estética. Ou será que você não percebeu os nomes dos filhos de Immortan Joe (Lachy Hulme): Erectus e Scrotus.

OK, vá lá. Ainda assim, eu tenho certeza que você notou as cinco esposas de Immortan, que lutam desesperadamente para ter um filho saudável naquele universo em desequilíbrio climático.

Mas o SENSACIONAL terno do The People Eater, o conselheiro de Immortan, que rouba a cena e confirma de vez a aura fetichista do longa.

Um ex-homem de negócios, fisicamente doente e extremamente cruel, O Comedor de Genta (opa!) é o suprassumo do fetiche com seu colete com buracos na altura dos mamilos, que ficam expostos compartilhando com todos os piercings que os atravessam.

Aliás, falando em mamilos… tem uma hora que o Dementus, personagem do Hemsworth…

Ah, isso não vou contar não. É demais até para mim.