'Sex and the city' e a vida como ela é
Na semana passada, os fãs de “Sex and the city” estavam ansiosos. A continuação da história das quatro amigas que atravessaram os anos 90 na TV, e os 2000 no cinema, finalmente estrearia na HBO. Todos esperavam mais sapatos, muita moda e alguns dramas familiares. Afinal, as meninas atravessaram os 50 anos e as questões geracionais certamente estariam na ordem do dia. E estão. O que muita gente não contava era com o soco no estômago que a série daria no espectador, logo assim, de cara.
Os eventos que marcam o início desta nova fase, intitulada “Just like that…”, pegaram todo mundo de calça curtas. Se a vontade de escapismo motivou a atenção de tantos, foi o início de uma certa maturidade o que mais chamou a atençao no grupo de amigas, tão parecido com tantos grupos de amigos de todos nós.
Se antes, a aparência descuidada era praticamente uma proibição estética na história criada por Michael Patrick King, nesta continuação as rugas, marcas de expressão, cabelos brancos e rostos sem filtros nos lembram da inexorabilidade do tempo. E da relativizaçao de prioridades que chegam com ele.
Pode ser que o leitor amigo já saiba do que falo, ainda que eu esteja rebolando mais do que a Charlotte para não dar bandeira neste texto. Neste caso, quem lê estas linhas já sabe que Carrie não tem mais uma coluna no jornal, mas sim um podcast (#tamojuntocarrie), e que a diversidade se tornou uma preocupação evidente dos roteiristas. Ainda bem.
Neste quesito, aliás, sigo na esperança de que os personagens gays de SATC não sejam mais do tipo “gay de Big Brother”, aquela caricatura triste escolhida para divertir a classe média. O BFF Stanford ainda está lá, mas não sei se o ator Willie Garson, morto em setembro, chegou a concluir as filmagens. SATC parece viver um momento “a vida como ela é” também por trás das câmeras.
É pouco provável que a inesperada sequência de eventos dos primeiros episódios não acabe dando lugar ao glamour pelo qual a série é conhecida mundialmente. SATC é Hollywood, e Hollywood sabe dar reviravoltas (literalmente) inacreditáveis em algumas histórias. Talvez algumas cenas tenham dado pistas do que está por vir. Pense no close no operador de som do podcast, que ria de tudo o que dizia Carrie; ou no papo-reto entre Miranda e a apresentadora lésbica, chefe da colunista. Apostas?
E falando em apostas, quem quer casar 50 reais num comeback de Samantha na segunda temporada de “Just like that?”.