Um Oscar bizarro

Ronald Villardo
2 min readMar 28, 2022

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Todo ano, os gatos mestres do Oscar falam a mesma coisa. Espetáculo chato, monótono. Reclamam das piadas que julgam sem graça. E resumem tudo como cafonice. Este ano, a gato-mestrice chegou aos críticos. Muitos deles esnobaram o show. Quem pode, pode.

Apesar disso, o Oscar segue como a maior premiação de cinema do planeta. Ainda que a Academia apresente espetáculos entediantes como o do ano passado, que além de cafona foi pobre. Tomara que nunca mais voltem para aquele formato que mais lembrava o de uma festa de fim de ano de clube de bairro. Sim, pensei no Tijuca Tênis Clube.

Em 2022, a tentativa anual de despertar a atenção do espectador veio no formato de três apresentadoras. Amy Schummer, Wanda Sykes e Regina Hall assumiram os trabalhos. Entre as tiradas, elas disseram que não conseguiram assistir ao “Ataque dos cães” de Jane Campion até o final. Chamaram de sotaque “aleatório” o de personagens imigrantes italianos em “House of Gucci”, e acusaram Leonardo DiCaprio de apenas namorar mulheres mais novas. Piadas um tanto fora de lugar para uma classe conhecida pelo esforço na quebra de preconceitos.

O Will Smith tentou quebrar outra coisa. Quase conseguiu. O Fresh Prince não contava com a resistência do queixo do Chris Rock. Sem querer, acabou quebrando foi toda a cobertura do evento deste ano. Em vez de cobrir o prêmio discutível do fofo “Coda” como Melhor Filme, ou a justiça sendo feita no prêmio concedido à Jane Campion, todo mundo está falando mesmo é do tapão. Deve ter sido “em nome do entrentenimento”, como andam defendendo tretas nas redes. Afinal de contas, Smith falou de “amor” no seu discurso de agradecimento pelo Oscar de Melhor Ator. Imerecido, aliás.

O mais assustador na festa de ontem, no entanto, foi o “Frankenstein” sobre o qual o roteiro da cerimônia foi construído. Ao longo da transmissão, foram exibidos trechos da premiação realizada antes da atração principal. O resultado foi confuso. Não era muito claro o que estava acontecendo naquele momento ou minutos antes. Os discursos, em contrapartida, ficaram longos demais. A musiquinha não interrompeu ninguém. No fim das contas, ao final da primeira hora de show já havia gente entregando os pontos. Tentando fazer graça, até as apresentadoras se despediram da audiência usando pijamas. Fica a sugestão de dress-code para o ano que vem.

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